LAI: principais solicitantes de informação pública ao Ministério da Saúde foram jornalistas, pesquisadores e estudantes

Oito em cada dez solicitações de dados abertos feitas ao Ministério da Saúde entre 2015 e 2021 foram atendidas; As demandas são principalmente de jornalistas, pesquisadores e estudantes de universidades; Os dados mais buscados são de distribuição de verba pública para a pandemia e ações do MS no combate à Covid-19.”

Novo estudo de pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e Universidade de São Paulo (USP) mostra que jornalistas, pesquisadores e estudantes de graduação, mestrado e doutorado foram os que mais fizeram solicitações por dados públicos ao Ministério da Saúde (MS) via Lei de Acesso à Informação (LAI), entre 2015 e 2021. Dentre todos os pedidos, que inclui a maioria de anônimos, 80% foram atendidos, inclusive durante a pandemia. A pesquisa está publicada na edição de quarta (19) da revista “Cadernos Gestão Pública e Cidadania”.

O estudo foi feito utilizando dados da Controladoria Geral da União (CGU), que agrega todas as solicitações via LAI, sobre os pedidos realizados entre 2015 e 2021. Depois de selecionarem somente aqueles feitos ao MS, os pesquisadores identificaram que as solicitações aumentaram durante a pandemia. O maior interesse foi por informações sobre distribuição de verba pública para contenção da Covid-19, ações do MS no combate à pandemia e dados sobre tuberculose, dengue e meningite.

Segundo Gisele Craveiro, uma das autoras do estudo, o trabalho dá sequência a outra pesquisa desenvolvida por ela e colegas, que apontou que, desde 2015, o maior interesse dos solicitantes da LAI era por dados públicos sobre saúde e educação. “Já naquela época, queríamos ajudar o governo a compreender a demanda por dados e, assim, a priorizar a disponibilização deles. Quando veio a pandemia, foi importante concentrar as análises na saúde porque essa informação era extremamente necessária para tomadas de decisão”, afirma Craveiro.

A professora também destaca que os resultados confirmaram suas hipóteses e são parcialmente positivos. Segundo ela, o fato de muitas das solicitações terem sido atendidas demonstra que a burocracia da transparência do Governo Federal não foi completamente desmontada. “É muito importante que dados abertos sobre controles de gastos, estado da evolução da pandemia, distribuição de remédios e outros temas de interesse público sejam, de fato, disponibilizados à sociedade”, reforça Craveiro. A especialista acrescenta que a solicitação por mais informações sobre “prestação de contas” já tinha sido observada em outros estudos. “Mesmo assim, as ações não cumprem todas as metas previstas no Plano de Dados Abertos do Ministério da Saúde”, pontua.

Craveiro destaca que o Brasil tem um ecossistema de consumo de dados robusto, com organizações da sociedade civil e de mídia organizados para obter os dados, organizá-los e divulgá-los para o público durante a pandemia, promovendo assim o acesso à informação de qualidade em um momento em que retrocessos da transparência e notícias fraudulentas afetavam a confiança da população na ciência. A pesquisadora afirma que, embora não tenha sido objeto de estudo, o consórcio de veículos de imprensa para obtenção de dados primários sobre a pandemia de Covid-19, criado em junho de 2020, deve ser lembrado como iniciativa exitosa.

Os autores seguem com estudos na área, dando enfoque para a abertura de dados públicos nas universidades federais brasileiras. Além disso, estão investigando se as agências governamentais financiadoras de ciência no Brasil incentivam os pesquisadores contemplados com dinheiro público a guardar e compartilhar os dados brutos das suas pesquisas.

Fonte: Agência Bori

Pesquisas sobre ecosistemas de dados governamentais abertos

As organizações públicas estão enfrentando novas demandas por parte da sociedade, que envolvem uma maior transparência e participação na gestão dos recursos públicos, além de um maior controle sobre a qualidade dos serviços oferecidos e uma maior responsabilidade dos gestores na utilização desses recurso

As organizações públicas estão enfrentando novas demandas por parte da sociedade, que envolvem uma maior transparência e participação na gestão dos recursos públicos, além de um maior controle sobre a qualidade dos serviços oferecidos e uma maior responsabilidade dos gestores na utilização desses recursos. Essas novas exigências deram origem a uma plataforma denominada governo aberto, que busca disponibilizar informações (em qualquer formato) de responsabilidade governamental.

Dentro das possibilidades criadas pelas iniciativas de governo aberto, temos a utilização de dados abertos (DA), que são informações disponibilizadas na Internet de forma que possam ser reutilizadas por terceiros. Em diversos países, desde o início do século, esses temas assumiram um papel importante nas políticas públicas. No Brasil, o governo federal tomou diversas medidas em direção a esses temas, culminando, em novembro de 2011, na lei nº. 12.527 (LAI – Lei de Acesso à Informação), que entrou em vigor em 16 de maio de 2012, regulamentando o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas, aplicável aos três poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Diante disso, é evidente a importância de os governos (responsáveis por disponibilizar grande parte das informações em formato aberto) manterem uma ampla relação com a sociedade e conhecimento de suas necessidades e capacidades para acessar e utilizar as informações disponibilizadas. Esse fato justifica a relevância da realização de trabalhos relacionados a esse tema.

Em todo o mundo, diversos pesquisadores, especialmente acadêmicos, e organizações da sociedade civil começaram a desenvolver estudos sobre a disponibilização de informações pelos governos para a sociedade e até mesmo para outros governos.

No contexto brasileiro, a realidade não foi diferente. Nesse sentido, os professores Cláudio Sonáglio Albano e Gisele da Silva Craveiro, embora já atuassem anteriormente com o tema de dados governamentais, começaram a trabalhar juntos a partir do ano de 2014.

No segundo semestre desse ano (2014), eles realizaram uma série de entrevistas com atores da sociedade e órgãos governamentais envolvidos com orçamento público e a disponibilização desses dados em formato aberto para a sociedade. As entrevistas incluíram atores de diversos países, como Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai. Os resultados desse trabalho podem ser consultados em: 

Os trabalhos anteriormente mencionados têm uma forte vinculação com questões orçamentárias e exploram as possibilidades de coprodução e inovação por meio do uso dos dados disponibilizados.

Continuando a investigação sobre esse tema, porém com foco nas Universidades Públicas Federais Brasileiras, foi desenvolvida uma dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em Administração de Empresas da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), no campus de Santana do Livramento. Os resultados dessa dissertação podem ser acessados em:

Em busca de um maior entendimento sobre o ecossistema brasileiro de dados abertos, os autores expandem suas pesquisas para outros contextos. Nesse sentido, eles desenvolveram um trabalho focado na área da saúde. Os resultados desse trabalho podem ser acessados em:

Gisele da Silva Craveiro é Doutora em Engenharia de Sistemas pela USP, Mestre pela Unicamp em Ciências da Computação. Orientadora e Professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, credenciada no Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política, Líder do grupo de pesquisa Colaboratório de Desenvolvimento e Participação (CoLab-USP).

Claudio Sonaglio Albano é Graduado em Administração Empresas/URCAMP, 1986. Especialista em Ciências da Computação, PUC/RS – Porto Alegre, 1992. Mestre em Administração de Empresas, área Sistemas de Informação UFRGS, 2001. Doutor em Administração pela FEA\USP em 2014, com estágio sanduíche na Universidade Estadual de Nova York (EUA), no Centro Tecnologia para Governo (CTG, Albany). Atualmente é Professor na Universidade Federal do Pampa no curso de Engenharia de Produção em Bagé/RS.

INOVAÇÕES DEMOCRÁTICAS COM MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA CÍVICA DIGITAL NO CONTEXTO ESCOLAR

É possível transformar as políticas educacionais por meio do uso de ferramentas cívicas digitais de participação social

A pesquisa intitulada “INOVAÇÕES DEMOCRÁTICAS COM MEDIAÇÃO TECNOLÓGICA CÍVICA DIGITAL NO CONTEXTO ESCOLAR”, desenvolvida pelo Doutorando Manoel dos Santos no Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, sob a orientação da Professora Drª Gisele da Silva Craveiro, focaliza a participação política com o uso de mediação tecnológica cívica digital para o monitoramento cidadão e avaliação de serviços e políticas públicas no ambiente escolar.

Esse estudo analisa como os processos de participação política em experiências de monitoramento cidadão, facilitados pelas plataformas cívicas de mediação tecnológica, contribuem para a produção, análise e uso de dados e informações na avaliação e tomada de decisão para a implementação de políticas públicas no contexto escolar. O período de análise compreende os anos de 2016 a 2021, durante o qual os casos estudados foram executados.

A pesquisa baseia-se na análise de cinco iniciativas incentivadas por órgãos de accountability burocrática, que visam produzir, analisar e utilizar dados e informações para a tomada de decisão, com o propósito de promover melhorias na execução de políticas e serviços públicos. As experiências específicas analisadas são as seguintes: 

  1. a campanha de monitoramento da merenda denominada Projeto Égua da Merenda, João!, no âmbito do Programa Nacional da Merenda Escolar, implementado em escolas estaduais pela CGU-Regional Pará, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação do Pará e envolvendo o Movimento Pacto Estudantil pela Educação Pará (MPEPEP) e a Organização Social Belém (OSB- Belém), em Santarém, no Pará, entre 2016 e 2018;
  2. o Projeto Monitorando a Merenda, uma iniciativa do Projeto Ouvidoria Ativa do Programa Nacional da Merenda Escolar, implementado em escolas estaduais pela CGU-Regional Pará, em parceria com a Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Pará (UFPA), a Organização Social Belém (OSB- Belém) e a Secretaria de Estado da Educação do Pará, em Belém, Pará, entre 2016 e 2017;
  3. o Projeto Monitorando a Merenda, no âmbito do Programa Nacional da Merenda Escolar, implementado em escolas do Distrito Federal pela Controladoria Geral do Distrito Federal, com a anuência da Secretaria de Estado do Distrito Federal e a participação das escolas, do Instituto Federal de Fiscalização e Controle e do Center for Civic Media, em Brasília, entre 2016 e 2019;
  4. o Projeto Monitorando a Merenda, no âmbito do Programa Nacional da Merenda Escolar, implementado em escolas estaduais, capitaneado pela CGU-Regional Bahia, em parceria com a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, com a Ouvidoria Vai à Escola da SEC/Ba e o Observatório Social da Despesa Pública de Jequié, entre 2018 e 2019 em Salvador, Jequié e Lauro de Freitas.
  5. o Projeto Estudantes de Atitude, é uma iniciativa desenvolvida no contexto escolar pela Controladoria Geral do Estado de Goiás (CGE-GO), em parceria com a Secretaria de Estado da Educação – SEDUC. 

Nessa etnografia do ecossistema brasileiro de participação política e cidadã, mediada por tecnologia cívica digital para o monitoramento e avaliação de serviços e políticas públicas no contexto escolar, a pesquisa aborda questões e iniciativas do mundo real, concentrando-se na melhoria dos serviços e políticas públicas nas escolas por meio da participação cidadã e da tomada de decisão baseada em dados, combinando abordagens top-down e bottom-up em configurações de arranjos socioestatais e societais.

As iniciativas de monitoramento cidadão e avaliação de serviços e políticas públicas no contexto escolar analisadas utilizam plataformas digitais como o Monitorando a Cidade e o WhatsApp nos quatro primeiros casos. Além disso, na quinta iniciativa, são empregadas diversas outras plataformas digitais, como o SurveyMonkey, Google Forms, Telegram, Whatsapp, Facebook, Instagram, Youtube e Smartsheet. Essas ferramentas tecnológicas digitais possibilitam a participação política e o empoderamento dos cidadãos nas relações e interfaces socioestatais e societais, através da coleta de dados e informações com mediação tecnológica cívica digital, permitindo identificar, compreender, colaborar, cocriar, incidir e transformar suas realidades por meio da cogovernança construída no contexto das inovações democráticas com o uso de tecnologias cívicas digitais.

De acordo com Gray (2016), dados e informações digitais devem ser usados para atender aos interesses da sociedade e dos cidadãos, por meio da “reimaginação da política de dados”, visando promover o desenvolvimento humano, o empoderamento cívico, o avanço do progresso social e o fortalecimento da democracia.

A utilização de ferramentas cívicas digitais na coleta de dados e informações possibilita a realização de “um processo coletivo que visa discutir questões críticas, obter informações para melhor compreendê-las e dialogar com atores locais para desenvolver soluções” (MARTANO et al., 2017).

Os resultados preliminares da pesquisa revelam que cada interfacemento dos mecanismos de accountability burocrática apresenta diferentes tipos e conformações de modelos e arranjos institucionais de monitoramento cidadão para a avaliação de serviços e políticas públicas. Verifica-se que, apesar do uso comum da mediação tecnológica cívica digital, em todas as iniciativas, o contexto sociopolítico contribui para a configuração de vontades políticas e de arranjos institucionais, levando a diferentes resultados.

Observa-se que a tecnologia cívica digital é um fator relevante para o engajamento dos cidadãos que adotam esse tipo de ferramenta como responsáveis pela coleta de dados, podendo fazer diferença para esse grupo social e arranjo específico, permitindo uma mudança positiva no processo de formulação e implementação de políticas e serviços públicos.

Assim, a participação política mediada por tecnologia cívica digital, nesses casos específicos, por meio da produção colaborativa de dados e informações com agilidade e relevância, contribui para aumentar a responsividade dos governos. Observa-se que os cidadãos apresentam contribuições e demandam serviços e políticas públicas de qualidade ao poder público, ativando ou interagindo com agências de accountability socioestatal e societal, exercendo o controle social, a fiscalização e a supervisão externa, em conjunto com a participação de atores da sociedade civil. A sociedade civil também exerce o controle social, articulando mecanismos e agências com poder de fiscalização e aplicação de sanções, conferindo legitimidade à participação da sociedade, sendo um ator estratégico para contribuir com a educação para a cidadania.


Para saber mais acesse o artigo intitulado “Processos de participação cidadã mediados por tecnologias digitais: um estudo sobre monitoramento participativo e avaliação de políticas públicas no contexto escolar”, publicado no 44o Encontro Anual da ANPOCS, realizado entre os dias 1 e 11 de dezembro de 2020.

Manoel dos Santos é Doutorando em Mudança Social e Participação Política pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e integrante do grupo de pesquisa Colaboratório de Desenvolvimento e Participação (CoLab-USP).

Gisele da Silva Craveiro é Doutora em Engenharia de Sistemas pela USP, Mestre pela Unicamp em Ciências da Computação. Orientadora e Professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, credenciada no Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política, Líder do grupo de pesquisa Colaboratório de Desenvolvimento e Participação (CoLab-USP).

Qual é o Futuro dos Dados na América Latina ? 

No cenário em que dados e informações se tornam a matéria-prima fundamental para a tomada de decisão, abrangendo desde o âmbito pessoal até o institucional e envolvendo diversos processos, desde a coleta, organização até a extração e incorporação do conhecimento, surge a indagação: para onde estamos caminhando?

Com o intuito de explorar essa questão e estimular reflexões, a Iniciativa Latinoamericana para os Dados Abertos (ILDA), uma organização da sociedade civil na América Latina que visa construir conhecimento e ferramentas para promover o desenvolvimento inclusivo com base em dados, realizou o ensaio audiovisual “Futuro de los Datos”. Vale ressaltar que a ILDA também atua como nó da rede Open Data for Development (OD4D).

Nas contribuições de Gisele Craveiro e outros membros da comunidade latino-americana de dados abertos, eles aprofundam a exploração da interseção entre a agenda de dados e temáticas como inteligência artificial, governança, direitos digitais, política e diversidade. Ao compartilharem seus depoimentos, eles nos levam a refletir sobre as conexões significativas entre esses tópicos, destacando a importância de uma abordagem holística e inclusiva no universo dos dados abertos.

No primeiro episódio, o foco recai sobre as múltiplas vantagens e ameaças decorrentes do uso futuro da Inteligência Artificial: as lacunas de desigualdade, as implicações éticas envolvidas, o desenvolvimento tecnológico e as ferramentas que podem melhorar diversas áreas da sociedade.

*Gisele Craveiro é Coordenadora do grupo de pesquisa Colaboratório de Desenvolvimento e Participação da USP. Docente do Programa de Pós em Mudança Social e Participação Política da EACH-USP. Mestre e Doutora em Computação.

Guia para Análises de Políticas Públicas: Usando Evidências a partir de Ciência de Dados e Inteligência Artificial

fonte: teste

Você já imaginou como a combinação de Inteligência Artificial, Ciência de Dados e análise de políticas públicas pode revolucionar a forma como entendemos e tomamos decisões sobre os desafios sociais?

Atualmente, a pesquisa acadêmica tem se tornado um trabalho árduo e complexo. Ao buscar por palavras-chave nos buscadores de conteúdo científico, muitas vezes somos inundados com listas imensas de trabalhos relacionados. Embora o acesso aos dados tenha se tornado mais simples, essa abundância de informações também exige o uso de ferramentas complexas para compreender o que esses dados realmente ‘dizem’.

Nesse sentido, um projeto de doutorado em andamento no Colab está desenvolvendo um artefato com abordagem sistemática e automatizada para a pesquisa acadêmica em análise de políticas públicas. Por meio de métodos de Inteligência Artificial e Ciência de Dados, nosso projeto busca fornecer aos pesquisadores um “Guia” claro e eficiente para explorar grandes volumes de informações de maneira estruturada, economizando tempo e esforço. Assim, os pesquisadores podem concentrar-se na interpretação dos resultados e na seleção de insights relevantes para suas pesquisas.

Essa pesquisa teve início a partir de um estudo acadêmico (Almeida et al., 2018) que identificou a falta de ferramentas de automação na análise de trabalhos acadêmicos que utilizam dados abertos governamentais. Foram analisados 75 estudos selecionados entre 2009 e 2016. Os resultados revelaram que essas pesquisas tinham poucas ou nenhuma ferramenta de apoio para a automação na coleta, processamento e visualização dos dados. Em um estudo posterior (Beluzo & Craveiro, 2022), analisamos como esses trabalhos se relacionam com as técnicas da ciência de dados em alguma etapa do processo de análise, ficando evidente que as pesquisas estavam aquém das expectativas. Essas descobertas destacaram a necessidade de melhorias e avanços na automação e aplicação de técnicas de ciência de dados na análise de políticas públicas, originando a ideia do Guia.

Com abordagem interdisciplinar que combina técnicas estatísticas, mineração de dados e IA generativa, nosso projeto busca permitir uma análise mais abrangente a partir de um conjunto de textos acadêmicos (dados não estruturados) e dados abertos, descobrindo padrões, tendências e relações ocultas nos dados. Os pesquisadores poderão explorar diferentes métodos e ferramentas disponíveis no guia, possibilitando uma compreensão mais profunda e abrangente das políticas públicas estudadas. Vale ressaltar que o pesquisador continua como protagonista e conhecedor do assunto, sendo o guia um instrumento que reduz etapas de análise e apresenta informações relevantes durante o processo inicial da pesquisa.

Nosso projeto encontra-se em fase de desenvolvimento, e estamos comprometidos em garantir que ele seja aplicável a uma ampla variedade de contextos e problemas de pesquisa em políticas públicas.

Gostou do assunto? Quer saber mais? Entre em contato com o Co:LAB USP!

* José Rodolfo Beluzo é Doutorando no ProMuSPP – EACH / USP; Graduado em Ciências de Computação pelo ICMC-USP; Especialização em desenvolvimento de sistemas WEB pela UNIFAFIBE e Mestre em Sistemas de Informação pelo PPGSI – EACH / USP. Professor e Pesquisador na área de Informática no IFSP Araraquara / SP.

Educação política na escola

Experiências de monitoramento participativo mediadas por tecnologia

Gisele Craveiro, Prof. Dra. do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política (EACH – USP)

Carla Aragão, Doutora em Educação (UFBA)

Lílian Bartira Silva, Doutoranda em Educação (UFBA) 

Educação política deve estar na escola? Essa é uma discussão que costuma gerar melindres na sociedade e mesmo entre os pesquisadores do campo. Entretanto, há alguns consensos que podem apoiar o debate no campo educacional. Um deles é de que a cidadania é fortalecida por processos educativos e participativos que privilegiem a dimensão política e, consequentemente, favorecem uma cultura democrática.

Paulo Freire, um dos expoentes na defesa dessa perspectiva, apresenta a escola como um dos principais lócus da vivência do modelo democrático de Estado, ideia reforçada por Coppi (2021), que vê a escola como principal aliada no enfrentamento dos desafios nas democracias, pois “mimetiza a sociedade na qual está inserida” (p.119).

Considerando o contexto atual de grave crise democrática, nos perguntamos em um texto que produzimos para o Data Blog da iniciativa Data Talks da Universidade de Munster, na Alemanha, sobre como tem ocorrido a superação da “inexperiência democrática” (FREIRE, 1967) no contexto escolar e como essas experiências dialogam com o processo de digitalização da sociedade e, consequentemente, com os impactos do digital no exercício da democracia.

Atualmente, dezenas de pesquisadores dialogam, formulam e pesquisam experiências de Educação Política, com o objetivo de disseminar conteúdos fundamentais para o amadurecimento da democracia e o exercício político dos cidadãos. Em comum, muitos trabalhos enfocam desafios, características e experiências que abordam as relações dos jovens com a política e outros aspectos relevantes para a efetivação desse tipo de conteúdo no cotidiano escolar.

O outro ponto de discussão que propomos no texto são as experiências de auditoria cívica desenvolvidas por órgãos públicos com foco no monitoramento participativo mediado por tecnologias cívicas digitais no contexto escolar. Essa escolha foi feita por pelo menos dois motivos: a necessidade de fortalecer as discussões sobre essas iniciativas, cujas pesquisas ainda são incipientes, especialmente no campo educacional; e a compreensão de seu impacto, considerando o caráter inovador das propostas e compromisso com o revigoramento do regime democrático, a partir da ampliação e qualificação da participação social de alunos e professores da rede pública.

Ficou curiosa(o) para saber mais sobre esse debate? Então, que tal ler o artigo completo ?

Projeto desenvolvido pelo COLAB é vencedor do Prêmio Fundação Banco do Brasil

O projeto Monitorando a Cidade, desenvolvido pelo COLAB, conquistou o primeiro lugar na edição de 2021 do Prêmio Fundação Banco do Brasil, na categoria Inovação Digital. O projeto da EACH foi selecionado entre mais de 450 iniciativas inscritas para receber um troféu e o prêmio de 100 mil Reais para ser investido em seu aprimoramento.

O Monitorando é uma iniciativa de coleta de dados cidadã que foi e está sendo  utilizada por diversos movimentos sociais, organizações da sociedade civil e órgãos de controle  para engajar beneficiários de políticas públicas (por exemplo: alunos de escolas públicas) na fiscalização da entrega desses serviços (por exemplo: oferta da merenda escolar). Também já foi utilizado em contextos de coleta de dados sobre meio ambiente em projetos de popularização da ciência. É uma ferramenta flexível, aberta e sob licença livre.

Seu uso em diferentes contextos tem sido estudado e, entre outras produções acadêmicas, destacamos  a dissertação de mestrado de Marisa Villi, selecionada pelo Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política como uma das melhores dissertações produzidas no período de 2017-2020.

Para entender como a tecnologia é usada na prática:

Exemplo de como estudantes atuaram no monitoramento da merenda

Exemplos de seu uso na iniciativa da Controladoria Geral do DF que envolveu 4000 alunos e 209 docentes , em 104 escolas. Monitoramento de diversos aspectos da infraestrutura escolar (merenda, biblioteca, salas de aula, banheiros, etc):

https://globoplay.globo.com/v/6393234/programa/

http://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-df/2018/03/projeto-da-corregedoria-do-df-transforma-ambiente-escolar

Exemplo do emprego da tecnologia no projeto Conexão Água – Biomonitorando realizado pelo Ministério Público Federal (SP) e Embrapa que leva uma metodologia de avaliação da água através da observação de biomarcadores.

Utilização no projeto do edital Aprender na Comunidade sobre mobilidade ativa em escola pública no entorno da USP Leste.

Texto original: site da EACH USP

Colab-USP participa da 1ª Reunião Extraordinária do Fórum de Gestão Compartilhada do 3º Plano de Ação em Governo Aberto na Cidade de São Paulo

No dia 03 de fevereiro aconteceu a 1ª Reunião do Fórum de Gestão Compartilhada para co-criação do 3º Plano de Ação em Governo Aberto na Cidade de São Paulo. Nesta data, a conversa foi voltada para apresentação dos membros eleitos e outros participantes convidados, uma breve apresentação do conceito de Governo Aberto, da Parceria para Governo Aberto (Open Government Partnership – OGP) e a política de Governo Aberto Local, assim como apresentação de algumas informações sobre os Planos de Ação anteriores.  

Esse Fórum de Gestão Compartilhada (FGC3) tem como produto final o desenho, implementação, monitoramento e avaliação do 3º Plano de Ação em Governo Aberto no Município de São Paulo. Na última gestão foi implementado 100% dos compromissos previstos pelo 2º Plano de Ação, enquanto meta prevista dentro do Programa de Metas 2019-2020. Foram assumidos 5 compromissos pelo FCG2, sinalizados por meio de consulta pública, que tratam de temas como orçamento, descentralização e desenvolvimento local, sistemas de informação, comunicação participativa e transparência, educação e combate à corrupção. Mais informações podem ser acessadas no site da Prefeitura de São Paulo.  

Foi definido neste encontro a necessidade da apresentação detalhada do último Plano de Ação para os participantes recém chegados do Fórum, assim como realizar um balanço e avaliação das ações tomadas pelos membros anteriores. Para isso, serão convidados esses participantes da iniciativa anterior para esse momento de aprendizagem entre os novos e antigos membros.   

A primeira etapa de co-criação do 3º Plano de Ação terá data limite até 31 de agosto de 2021, como previsto pelo organismo internacional da OGP. As etapas e outras informações sobre o processo podem ser consultadas no OGP Local Handbook

Colab-USP é eleito para compor Fórum de Gestão Compartilhada em Governo Aberto na Cidade de São Paulo

O Plano de Ação em Governo Aberto faz parte do compromisso da cidade de São Paulo com a Parceria para o Governo Aberto (Open Government Government – OGP) e é um instrumento para avançar a agenda de governo aberto na cidade. Até julho deste ano, o Fórum elaborará o 3º Plano de Ação em Governo Aberto em parceria com a OGP.  

Atualmente, estamos no desenho do processo de co-criação do 3º Plano de Ação em Governo Aberto no município. Esse plano é formulado, implementado, monitorado e avaliado pelo Fórum de Gestão Compartilhada, que é composto por organizações governamentais e não governamentais com poder de voto, mas as reuniões são abertas a participação de toda a população.  

As organizações não governamentais que compõem o Fórum foram escolhidas pela população por meio de votação realizada  pela ferramenta Participe+. O Colab-USP foi selecionado, junto ao Insper – Instituto de ensino e pesquisa, para representar a cadeira de Setor Acadêmico. Os representantes do Fórum podem ser consultados na lista abaixo:   

Lista de representantes da Prefeitura de São Paulo  
Lista de representantes eleitos da Sociedade Civil 

Para participar, envie um email para governoaberto@prefeitura.sp.gov.br para entrar na lista de e-mails e receber os comunicados sobre o Fórum. Este é o principal canal de comunicação entre as instituições e é onde são compartilhadas as pautas das reuniões, agenda e comunicados.  

O Colab-USP agradece todos os 234 votos que recebeu, assim como a todas as pessoas e organizações que se mobilizaram durante o processo de votação.

América Latina e os desafios da Justiça Aberta – CONIP 2020

Em dezembro de 2020, 0 CONIP Judiciário e Controle (https://www.conipjud.com.br/) organizou o “XV Congresso de Inovação no Poder Judiciário e Controle”. O COLAB-USP participou de uma das mesas intitulada “América Latina: Justiça em 2030“.

O vídeo do encontro está disponível aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=00jFEbcLMa0&t=4s

https://www.youtube.com/watch?v=00jFEbcLMa0&t=4s

Participaram da Mesa:

Moderadora: Vanessa Menegueti, cofundadora, Instituto de Governo Aberto e COLAB-USP

Panelistas: Ester Gammardella Rizzi, Professora de Gestão de Políticas Públicas e Especialista em Justiça Aberta, COLAB-USP

Rosario Pavese, Coordinadora de Apoyo a Paises, Open Government Partnership (OGP)

Sandra Elena, Coordinadora programa Justicia Abierta, Ministerio de Justicia y Derechos Humanos de la Nación Argentina

Virginia Pardo, Directora de sociedad de la información, Agencia de Gobierno Electrónico y Sociedad de la Informacióny del Conocimiento – Agesic Uruguay