Month: julho 2023

Qual é o Futuro dos Dados na América Latina ? 

No cenário em que dados e informações se tornam a matéria-prima fundamental para a tomada de decisão, abrangendo desde o âmbito pessoal até o institucional e envolvendo diversos processos, desde a coleta, organização até a extração e incorporação do conhecimento, surge a indagação: para onde estamos caminhando?

Com o intuito de explorar essa questão e estimular reflexões, a Iniciativa Latinoamericana para os Dados Abertos (ILDA), uma organização da sociedade civil na América Latina que visa construir conhecimento e ferramentas para promover o desenvolvimento inclusivo com base em dados, realizou o ensaio audiovisual “Futuro de los Datos”. Vale ressaltar que a ILDA também atua como nó da rede Open Data for Development (OD4D).

Nas contribuições de Gisele Craveiro e outros membros da comunidade latino-americana de dados abertos, eles aprofundam a exploração da interseção entre a agenda de dados e temáticas como inteligência artificial, governança, direitos digitais, política e diversidade. Ao compartilharem seus depoimentos, eles nos levam a refletir sobre as conexões significativas entre esses tópicos, destacando a importância de uma abordagem holística e inclusiva no universo dos dados abertos.

No primeiro episódio, o foco recai sobre as múltiplas vantagens e ameaças decorrentes do uso futuro da Inteligência Artificial: as lacunas de desigualdade, as implicações éticas envolvidas, o desenvolvimento tecnológico e as ferramentas que podem melhorar diversas áreas da sociedade.

*Gisele Craveiro é Coordenadora do grupo de pesquisa Colaboratório de Desenvolvimento e Participação da USP. Docente do Programa de Pós em Mudança Social e Participação Política da EACH-USP. Mestre e Doutora em Computação.

Guia para Análises de Políticas Públicas: Usando Evidências a partir de Ciência de Dados e Inteligência Artificial

fonte: teste

Você já imaginou como a combinação de Inteligência Artificial, Ciência de Dados e análise de políticas públicas pode revolucionar a forma como entendemos e tomamos decisões sobre os desafios sociais?

Atualmente, a pesquisa acadêmica tem se tornado um trabalho árduo e complexo. Ao buscar por palavras-chave nos buscadores de conteúdo científico, muitas vezes somos inundados com listas imensas de trabalhos relacionados. Embora o acesso aos dados tenha se tornado mais simples, essa abundância de informações também exige o uso de ferramentas complexas para compreender o que esses dados realmente ‘dizem’.

Nesse sentido, um projeto de doutorado em andamento no Colab está desenvolvendo um artefato com abordagem sistemática e automatizada para a pesquisa acadêmica em análise de políticas públicas. Por meio de métodos de Inteligência Artificial e Ciência de Dados, nosso projeto busca fornecer aos pesquisadores um “Guia” claro e eficiente para explorar grandes volumes de informações de maneira estruturada, economizando tempo e esforço. Assim, os pesquisadores podem concentrar-se na interpretação dos resultados e na seleção de insights relevantes para suas pesquisas.

Essa pesquisa teve início a partir de um estudo acadêmico (Almeida et al., 2018) que identificou a falta de ferramentas de automação na análise de trabalhos acadêmicos que utilizam dados abertos governamentais. Foram analisados 75 estudos selecionados entre 2009 e 2016. Os resultados revelaram que essas pesquisas tinham poucas ou nenhuma ferramenta de apoio para a automação na coleta, processamento e visualização dos dados. Em um estudo posterior (Beluzo & Craveiro, 2022), analisamos como esses trabalhos se relacionam com as técnicas da ciência de dados em alguma etapa do processo de análise, ficando evidente que as pesquisas estavam aquém das expectativas. Essas descobertas destacaram a necessidade de melhorias e avanços na automação e aplicação de técnicas de ciência de dados na análise de políticas públicas, originando a ideia do Guia.

Com abordagem interdisciplinar que combina técnicas estatísticas, mineração de dados e IA generativa, nosso projeto busca permitir uma análise mais abrangente a partir de um conjunto de textos acadêmicos (dados não estruturados) e dados abertos, descobrindo padrões, tendências e relações ocultas nos dados. Os pesquisadores poderão explorar diferentes métodos e ferramentas disponíveis no guia, possibilitando uma compreensão mais profunda e abrangente das políticas públicas estudadas. Vale ressaltar que o pesquisador continua como protagonista e conhecedor do assunto, sendo o guia um instrumento que reduz etapas de análise e apresenta informações relevantes durante o processo inicial da pesquisa.

Nosso projeto encontra-se em fase de desenvolvimento, e estamos comprometidos em garantir que ele seja aplicável a uma ampla variedade de contextos e problemas de pesquisa em políticas públicas.

Gostou do assunto? Quer saber mais? Entre em contato com o Co:LAB USP!

* José Rodolfo Beluzo é Doutorando no ProMuSPP – EACH / USP; Graduado em Ciências de Computação pelo ICMC-USP; Especialização em desenvolvimento de sistemas WEB pela UNIFAFIBE e Mestre em Sistemas de Informação pelo PPGSI – EACH / USP. Professor e Pesquisador na área de Informática no IFSP Araraquara / SP.

Educação política na escola

Experiências de monitoramento participativo mediadas por tecnologia

Gisele Craveiro, Prof. Dra. do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política (EACH – USP)

Carla Aragão, Doutora em Educação (UFBA)

Lílian Bartira Silva, Doutoranda em Educação (UFBA) 

Educação política deve estar na escola? Essa é uma discussão que costuma gerar melindres na sociedade e mesmo entre os pesquisadores do campo. Entretanto, há alguns consensos que podem apoiar o debate no campo educacional. Um deles é de que a cidadania é fortalecida por processos educativos e participativos que privilegiem a dimensão política e, consequentemente, favorecem uma cultura democrática.

Paulo Freire, um dos expoentes na defesa dessa perspectiva, apresenta a escola como um dos principais lócus da vivência do modelo democrático de Estado, ideia reforçada por Coppi (2021), que vê a escola como principal aliada no enfrentamento dos desafios nas democracias, pois “mimetiza a sociedade na qual está inserida” (p.119).

Considerando o contexto atual de grave crise democrática, nos perguntamos em um texto que produzimos para o Data Blog da iniciativa Data Talks da Universidade de Munster, na Alemanha, sobre como tem ocorrido a superação da “inexperiência democrática” (FREIRE, 1967) no contexto escolar e como essas experiências dialogam com o processo de digitalização da sociedade e, consequentemente, com os impactos do digital no exercício da democracia.

Atualmente, dezenas de pesquisadores dialogam, formulam e pesquisam experiências de Educação Política, com o objetivo de disseminar conteúdos fundamentais para o amadurecimento da democracia e o exercício político dos cidadãos. Em comum, muitos trabalhos enfocam desafios, características e experiências que abordam as relações dos jovens com a política e outros aspectos relevantes para a efetivação desse tipo de conteúdo no cotidiano escolar.

O outro ponto de discussão que propomos no texto são as experiências de auditoria cívica desenvolvidas por órgãos públicos com foco no monitoramento participativo mediado por tecnologias cívicas digitais no contexto escolar. Essa escolha foi feita por pelo menos dois motivos: a necessidade de fortalecer as discussões sobre essas iniciativas, cujas pesquisas ainda são incipientes, especialmente no campo educacional; e a compreensão de seu impacto, considerando o caráter inovador das propostas e compromisso com o revigoramento do regime democrático, a partir da ampliação e qualificação da participação social de alunos e professores da rede pública.

Ficou curiosa(o) para saber mais sobre esse debate? Então, que tal ler o artigo completo ?