Author: Jorge Machado

Seminário discute Independência e transparência no Judiciário

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O Seminário “Independência e transparência no Judiciário”, organizado por sete entidades em São Paulo, vai colocar em evidência a falta de transparência no Judiciário brasileiro e seu impacto na designação de juízes pelos Tribunais de Justiça – hoje orientada por critérios opacos e pouco objetivos. Segundo as entidades, a presença de juristas, estudantes, movimentos sociais e organizações da sociedade civil nos debates evidencia a urgência de abrir o sistema para a participação social e o monitoramento público.

O seminário tem a participação do professor Jorge Machado, um dos coordenadores do COLAB, que estará na mesa das 14hs sobre acesso à informação no Sistema de Justiça.

O evento é gratuito e acontece na terça-feira, dia 9/6, das 9h30 às 18h no auditório do prédio anexo à Faculdade de Direito da USP. Não é necessário realizar inscrição prévia e serão distribuídos certificados de participação.

O seminário é organizado pela AJD (Associação Juízes pela Democracia), Artigo 19, Colab-USP, Conectas, IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), Centro Acadêmico XI de Agosto e com apoio do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP.

Programação completa: http://www.conectas.org/pt/acoes/justica/noticia/39987-independencia-e-transparencia-no-judiciario

EACH faz chamado para construção participativa do orçamento

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Em mensagem enviada a toda comunidade, Escola de Artes, Ciências e Humanidades faz chamado para construção participativa do orçamento.

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Cara Comunidade da EACH,

Convidamos a todos e todas a participarem da consulta sobre as demandas a serem incluídas no orçamento da EACH (2015-2016).

Com isto daremos início a um processo participativo da execução do orçamento em 2015 e da elaboração do orçamento para o ano de 2016. As demandas passarão por um processo de priorização, cuja metodologia e critérios serão definidos em reunião com a comunidade a ser marcada no mês de junho.

O formulário para envio de propostas está disponível no link http://goo.gl/forms/uzPeVA6Upw . O prazo para recebimento é até 10 de junho.

Comissão Assessora do Orçamento

COLAB assina documento com críticas à proposta de parceria do Governo com Facebook que ameaça neutralidade da rede

Veja abaixo a íntegra do documento enacaminhado á presidente da República.
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São Paulo, 23 de Abril de 2015

À Exma.
Presidente da República Federativa do Brasil
Sra. Dilma Roussef

Att.: Carta à Presidente Dilma Roussef sobre o acordo com o Facebook

Exma. Sra. Presidente,

As organizações e indivíduos abaixo assinados vêm por meio desta manifestar sua contribuição ao debate com relação ao recente anúncio realizado por Vossa Excelência durante a 7º Cúpula das Américas sobre o estabelecimento de uma parceria com o Facebook para a implementação do projeto “Internet.org” no Brasil.

Embora estejamos de acordo com o diagnóstico de que há um grande déficit na qualidade e na extensão do acesso à Internet fixa e móvel em países em desenvolvimento como o Brasil, consideramos que este projeto que vem sendo promovido pelo Facebook em diversos países da América Latina, África e Ásia, pode colocar em risco o futuro da sociedade da informação, da economia no meio digital e os direitos que os usuários usufruem na rede, como a privacidade, a liberdade de expressão e a neutralidade da rede.

Pelo que pudemos apurar sobre o projeto, acreditamos que ao prometer acesso gratuito e exclusivo a determinados serviços e aplicativos o Facebook está na verdade limitando o acesso à Internet aos demais serviços existentes na rede e oferecendo aos que têm menos recursos econômicos o acesso a apenas uma parte do que constitui a Internet, o que viola os fundamentos e princípios basilares do Marco Civil da Internet (Lei nº 12965), da Declaração Multissetorial do NETMundial e dos Princípios para a Governança e Uso da Internet no Brasil do CGI.br (RES/2009/003/P), conforme elencamos a seguir:

A lei nº 12965 que institui como fundamento do uso da Internet a liberdade de expressão, o reconhecimento da escala mundial da rede, a pluralidade e a diversidade, a abertura e a colaboração, a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor (art.2º), assim como reconhece os princípios da proteção da privacidade, a preservação e garantia da neutralidade de rede e a garantia da preservação da natureza participativa da rede (art.3º). Lembramos também que a referida lei estabelece como objetivo do uso da Internet o direito de acesso a todos, o acesso à informação, ao conhecimento, à participação na vida cultural e política, a inovação e a adesão a padrões tecnológicos abertos(art.4º);
O Encontro Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet (NETMundial) reconheceu que a Internet é um recurso global que deve ser gerida pelo interesse público, e identificou um conjunto de princípios comuns e valores, dentre os quais gostaríamos de ressaltar o caráter de espaço unificado e não fragmentado, onde datagramas e informação fluam livremente de ponta a ponta independentemente de seu conteúdo legal, a proteção e promoção da diversidade cultural e linguística, a arquitetura aberta e distribuída, preservando o ambiente fértil e inovador, a promoção de padrões abertos consistentes com os direitos humanos e com o desenvolvimento e a inovação na rede, e a preservação de um ambiente favorável à inovação sustentável e à criatividade, reconhecendo o empreendedorismo e o investimento em infraestrutura como condições para a inovação;
Os Princípios para a Governança e Uso da Internet do Brasil aprovados pelo CGI.br, o Comitê Multissetorial de Governança da Internet no Brasil, que buscam embasar e orientar ações e decisões com vistas à governança democrática e colaborativa, preservando e estimulando o caráter de criação coletiva da Internet, a universalidade, a diversidade, a inovação, a neutralidade e a padronização e interoperabilidade da rede.

Enfatizamos ainda que essa estratégia do Facebook e de outras grandes empresas, realizada em parceria com as operadoras de telecomunicações, representa uma grave violação da regra da neutralidade quando promove “acesso para todos” sob a máxima “internet grátis”. Esta prática que permite que apenas alguns aplicativos e serviços tenham privilégios na rede é conhecida internacionalmente como zero-rating (taxa zero) e, mesmo que possibilite o uso dos serviços mais populares, no longo prazo acaba gerando concentração da infraestrutura e monopólio sobre o tráfego de dados na rede, reduzindo tanto a disponibilidade de conteúdos, aplicativos e serviços na Internet, quanto a liberdade de escolha do usuário. Com isso, cabe perguntarmos como se espera que o Brasil desenvolva o setor de aplicativos, um dos mercados que mais cresce no mundo, se estes terão limitado seu acesso a grande parte da população.

O modelo proposto pelo projeto Internet.org tem também efeitos desastrosos para o desenvolvimento das culturas regionais, comprometendo o direito de acesso à informação ao violar outro princípio fundamental do Marco Civil e da declaração Multissetorial do NETMundial que é a liberdade de expressão. Em geral, plataformas como Facebook controlam por meio dos seus algorítimos e termos de uso os conteúdos e dados que circulam na rede, determinando de maneira centralizada e de acordo com critérios próprios e pouco transparentes os conteúdos mais visualizados pelos usuários. Tal cenário se agrava se lembrarmos que boa parcela da receita das empresas de Internet e operadoras de telefonia são hoje provenientes da venda de aplicações e conteúdos que acabam sendo fornecidos de forma imposta e verticalizada nos pacotes de serviços. A formação de conglomerados econômicos, devido ao processo de convergência dos meios de comunicação, tem feito com que as empresas que prestam serviços de acesso à Internet sejam as mesmas que fornecem conteúdos, gerando ainda mais concentração. Essa limitação do número de serviços e aplicativos disponíveis resulta no desrespeito ao direito de escolha dos consumidores e à livre concorrência, a limitação da diversidade cultural e o cerceamento do livre fluxo de informações na rede.

Não podemos esquecer ainda que a plataforma tecnológica do Facebook tem sido uma das principais portas para a vigilância em massa, colocando em risco outro importante princípio do Marco Civil e da declaração Multissetorial do NETMundial que é a privacidade dos cidadãos. A ausência de uma lei de proteção de dados no país agrava o problema e faz com que hoje os possíveis usuários dos serviços que serão disponibilizados pelo Internet.org fiquem vulneráveis aos interesses comerciais dessa plataforma e às pressões políticas que uma empresa com sede nos Estados Unidos está sujeita.

É por considerar que a universalização do acesso à Internet se dá a partir de políticas coerentes com a sua essencialidade, o que passa pela prestação do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte também em regime público e pelo fortalecimento de políticas já existentes, tais como cidades digitais, provedores comunitários integrados a telecentros, pontos de cultura, GESAC, estações digitais e iniciativas de comunicação comunitária, que nos posicionamos veementemente contra o acesso privilegiado ao mercado e aos dados dos brasileiros que o Facebook pretende obter com seu projeto através do Internet.org. Dentre as excelentes alternativas internacionais que poderiam ser aproveitadas, cabe também mencionar o Plan Ceibal no Uruguai, que busca fomentar as redes livres, o GuifiNet, uma parceria entre sociedade, ONGs e governos, OpenWRT, Commotion Wireless, entre outros.

Por último, vale lembrar que o Brasil possui um enorme contingente de organizações e ativistas que vem atuando na promoção da inclusão digital. Ainda que nas políticas de acesso à banda larga o diálogo entre governo e sociedade civil não tenha se estabelecido de maneira satisfatória como ocorreu no Marco Civil, a aprovação da lei e seu processo de regulamentação são exemplares no incentivo à participação social e na existência de um canal efetivo de interlocução entre ambos os setores. A notícia de uma parceria com a empresa Facebook sem qualquer conhecimento prévio pela sociedade civil, no entanto, diverge da postura democrática, transparente e inclusiva que tem sido adotada nas decisões e discussões relacionadas ao Marco Civil da Internet.

Conforme o exposto acima, concluímos que é de extrema importância que se preserve o desenvolvimento da economia digital e que se garantam os direitos estabelecido pela Marco Civil da Internet assim como os princípios estabelecidos no encontro multissetorial Netmundial. Assim, as entidades ora signatárias requerem:

Que não sejam firmados quaisquer acordos com a empresa Facebook no âmbito da sua iniciativa Internet.org que tenham como objeto o provimento de acesso grátis à Internet;
Que quaisquer acordos que venham a ser firmados com a empresa Facebook – ou quaisquer outras empresas – respeitem os direitos positivados pelo Marco Civil, em especial o da neutralidade de rede; e
Buscar a realização de amplo debate com a sociedade civil antes de fechar acordos desse tipo.

Desde já nos colocamos à disposição para um encontro presencial com Vossa Excelência para debatermos melhor o assunto e certos de sua habitual atenção, subscrevemos.

Artigo 19
Associação Brasileira de Centros de Inclusão Digital – ABCID
Associação Software Livre do Brasil – ASL
Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé
Co:Laboratório de Desenvolvimento e Participação – COLAB/USP
Coletivo Digital
Coletivo Soylocoporti
Frente Acorda Cultura
Hacklab Independência
Instituto Bem Estar Brasil
Instituto Beta Para Internet e Democracia – IBIDEM
Instituto de Defesa do Consumidor – Idec
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Movimento Mega
PimentaLab – Unifesp
PROTESTE – Associação de Consumidores
Recursos Educacionais Abertos Brasil – REA-Br
Rede Livre
União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura – ULEPICC-Br

Quando surgiram os 8 princípios dos dados abertos?

Dados abertos são definidos por um conjunto de princípios estabelecidos num encontro realizado nos dias 7 e 8 de dezembro de 2007 em Sebastopol, na Califórnia, que reuniu um pesquisadores, representantes de organizações da sociedade civil e ativistas norte-americanos.

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Entre eles estavam Lawrence Lessig, famoso criador do termo “cultura livre”; Tim O’Reilly, publisher de editora da área de tecnologia da informação que leva seu sobrenome e criador da expressão “Web 2.0”; Ethan Zuckermann, diretor do Center of Civic Media MIT e criador do Trip Advisor;  Joseph Hall, Center for Democracy & Technology; Aaron Schwartz, conhecido ativista hacker, cuja vida é retratada no filme “The Internet’s Own Boy”, além dos fundadores de organizações Sunlight Foundation, My Society e GovTrack – pioneiras no uso dos dados abertos na promoção da transparência.

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O foco do encontro foi a abertura de informações governamentais. No entanto, nos anos que se seguiram, o conceito passou a ter seu uso ampliado, passando a incluir dados científicos ou mesmo de organizações privadas. Seus princípios afirmam que qualquer dado para ser “aberto” deve ser utilizado por qualquer um para qualquer propósito. Tal definição visa orientar o processo de abertura de dados de modo que possa ser considerado “aberto”.

Os princípios criados por eles dão conta, com bastante simplicidade, dos principais componentes para que um dado seja considerado “aberto” e se tornaram referência internacional:

Os 8 Princípios dos dados abertos

Completo

Todos os dados públicos devem ser disponibilizados. Dados públicos são dados que não estão sujeitos a restrições de privacidade, segurança ou privilégios de acesso.

Primários

Os dados devem ser coletados na fonte com o maior nível de detalhamento possível, e não de forma agregada ou modificada.

Oportunidade

Sua disponibilidade deve ser feita tão rapidamente quanto necessário para preservar o valor dos dados.

Acessibilidade

Os dados devem estar disponíveis para a mais ampla gama de usuários e as mais diversas finalidades.

Processável por máquinas

Os dados devem ser razoavelmente estruturados de modo a permitir o processamento automatizado.

Não-discriminatório

Os dados devem estar disponíveis para qualquer pessoa, sem necessidade de registro.

Não-proprietário

Os dados devem estar disponíveis em um formato sobre o qual nenhuma entidade tem o controle exclusivo.

Licença livre

Os dados não estão sujeitos a quaisquer direitos de autor, patentes, marcas comerciais ou regulamento secreto. Pode ser permitida uma razoável privacidade e restrições de privilégio e segurança.

Sem dúvida, esse foi um encontro histórico. Conseguiu-se reunir mentes brilhantes. Não por acaso que o encontro resultou na mudança das concepções “convencionais” do chamado governo eletrônico – um termo que está mais ligado à pestação de serviços do que à abertura de informação.

Do velho governo eletrônico saltamos um novo paradigma, dos dados abertos – mais adequado à filosofia do software livre, à cultura hacker e à concepções mais modernas de transparência.

 

Jorge Machado
COLAB/USP

 

COLAB assina nota pública por critérios para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados

Ao lado de outras entidades,o  COLAB firma documento que defende que a CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados não seja usada como moeda de troca e que seu novo presidente mantenha diálogo com a sociedade civil e respeite grupos minoritários.

Os critérios mínimos apontados pelas organizações constam em nota pública entregue a todos os deputados antes da reunião de líderes partidários que vai definir as presidências das 21 comissões temáticas da Câmara. A reunião estava marcada para esta última quinta-feira (26), mas foi adiada para a próxima semana.

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Nos últimos anos, a CDHM tem sido alvo de ataques de grupos que menosprezam a defesa dos direitos humanos, como o deputado Marcos Feliciano. Notabilizado por seu discurso homófobo, ele assumiu a presidência da comissão através de acordos políticos. O Deputado Jair Bolsonaro, conhecido adversário dos direitos humanos, só não o sucedeu na presidência por apenas dois votos. O objetivo de deputados extremistas como esses tem sido exatamente o de desmoralizar a comissão e impedir que a mesma seja um canal para todos aqueles que são vítimas de ameaças e de violações de direitos humanos.

O COLAB, ao lado da sociedade civil, espera que o próximo presidente da CDHM tenha conhecimento, experiência e seriedade, de modo a fortalecer os trabalhos da comissão na defesa dos direitos humanos.

 

Em parceria com a prefeitura, COLAB oferece disciplina sobre governo aberto e participação

O COLAB/USP, em parceria com a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura Municipal de São Paulo, está oferecendo a disciplina “Governo Aberto”. O curso teve início hoje e seu público é formado por alunos de gestão de políticas públicas, membros de organizações da sociedade civil e servidores da prefeitura. Seus objetivos são introduzir princípios fundamentais de governo aberto, a partir da discussão de possibilidade de acesso à informação e participação política e desenvolver instrumentos que promovam a transparência, participação social e práticas colaborativas na gestão pública, de modo a transmitir conhecimentos para uma intervenção na sociedade a partir do uso de ferramentas tecnológicas.

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A disciplina, sob a responsabilidade do professor Jorge Machado, é ministrada de forma intesiva – 30 horas distribuídos em duas semanas – e contará com a participação de outros docentes da USP, como Gisele Craveiro, José Carlos Vaz, Eduardo Caldas, Ursula Peres, além de convidados como Maurício Xixo (Escola de Governo), Caio Lucena e Jutta Schmidt Machado.

Discutindo governo aberto no encontro OGP Américas

Nos dias 18 e 19 de novembro, foi realizado en São José, Costa Rica, o Encontro da Parceria para o Governo Aberto das Américas (ou “OGP Ameŕicas”, no inglês).

A Parceria para o Governo Aberto conta com a participação de 17 países do continente, que se comprometeram em realizar ações para promover a transparência e a participaçã social nos governos. É previsto que isso ocorra em estreita coordenação com a sociedade civil. O Encontro Regional teve o propósito de reconhecer boas práticas e compartilhar resultados, ao mesmo tempo que acolher as críticas e estabelecer parcerias e mecanismos de apoio regional.

Um dia antes do evento, ocorreu um encontro, na forma de desconferência, reunindo as organizações da sociedade civil. Neste dia, o foco da discussão foi no intercâmbio das experiências com o objetivo de ampliar e melhor a qualidade da participação social na parceria. A reuniã foi fundamental para que as organizações pudessem melhor se conhecer, nivelar conhecimentos e preparar suas participações para o OGP Américas.ogpsanjose3

 

O Brasil na OGP América

O Encontro teve sessões para apresentação de conjuntos de países (a do Brasil foi na sessão junto com Estados Unidos e México) – onde participavam um representante do governo, um da sociedade civil e o avaliador independente – e uma programação paralela com mesas propostas pelos participantes que tratavam de assuntos variados em torno de “governo aberto”.

A apresentação do governo brasileiro, centrada no cumprimento das ações de seu segundo plano, foi seguida das críticas de Joara Marchezzini, da ONG Artigo 19,  sobre a falta de diálogo e colaboração com a sociedade civil, a inexistência de um mecanismo de governança que incluísse a sociedade civil e o estabelecimento de um plano de ação que não reflete as demandas das organizações sociais que participaram do processo. Por último, o avaliador independente apresentou o cronograma seu trabalho de acompanhamento do segundo plano de ação, que apenas se inicia.

Cabe dizer que a exposição dos avaliadores independentes foi severamente prejudicada dado o tempo curto e à limitação a um único slide padrão, estabelecido pela organização. No entanto, o debate foi enriquecido com a abertura para o debate com o público, que pode livremente comentar e fazer questionamentos.

 

Criticas gerais à OGP

As críticas mais citadas nas falas e debates se referiram a: dificuldade de diálogo do governo com a socieade civil; o pouco conhecimento da OGP pela sociedade; os limite da OGP, por ser focada no governo no âmbito nacional – e não no local e regional – e praticamente apenas no Poder Executivo; a falta de estandartes para a permanência de países (inclusive com autoritários); a necessidade de fortalecimento de critérios de participaçao e elegibilidade; a falta de sustentabilidade do processo de participação; a falta de financiamento para a participação da sociedade; a necessidade da avaliação independente (IRM) avaliar não apenas o cumprimento das ações, mas também o processo, como o estabelecimento e a inclusão das mesmas ações e a forma como se dá a governança; a falta de indicadores e ferramentas para avaliar a participação social; a necessidade de incentivos à participação dos governos locais; a necessidade de vincular a defesa dos direitos digitais no governo aberto, em especial em questões ligadas à proteção de dados pessoais e acesso ao conhecimento/informação; a necessidade de criar decisões vinclulantes nos âmbitos onde a sociedade civil participa; e o risco da OGP servir apenas como instrumento para validar ações de governos.

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Durante a abertura, 43 participantes se retiraram de seus lugares em lembrança aos estudantes desaparecidos no México.

Foram citados também metodologias e ações exitosas para promover o acesso à informação pública, como as mesas de diálogo, disponibilização de dados abertos e hackathons, a implementação de leis de acesso à informação no continente e a realização de auditorias cidadãs.

O encontro foi muito importante para a troca de experiências e em especial para que cada governo pudesse internalizar as criíticas e aprimorar o processo de implementação da OGP em seus respectivos países.

 

 

Jorge Machado participou do evento com bolsa da organização do OGP América