CGI

Colab endossa manifestação pública da Coalizão Direitos na Rede sobre Consulta da governança da Internet

O Colab, membro da Coalizão Direitos na Rede, contribuiu na construção de documento onde se opõe a forma como foi unilateralmente iniciada pelo governo a revisão da estrutura de governança da Internet no Brasil. O documento abaixo defende que a consulta siga o princípios previstos no Marco Civil , em que governança da Internet seja de acordo com mecanismos multiparticipativos, transparentes, colaborativos e democráticos. Defende ainda que as contribuições sejam discutidas, numa segunda etapa da consulta, numa plataforma a ser lançada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). O documento anda reforça a defesa do multissetorialismo da governança da Internet no Brasil.

O Colab está atento a todos passos das políticas de informação do atual governo, que tem sido criticado pela forma como tem tomado decisões, quer seja pela falta de transparência, que seja pela falta de amparo de especialistas e a comunidade técnica científica.

Veja abaixo o texto na íntegra.

Manifestação pública da Coalizão Direitos na Rede

A Coalizão Direitos na Rede vem se manifestar sobre o processo de revisão da estrutura de governança da Internet, iniciado unilateralmente pelo Governo Temer, por intermédio da Secretaria de Políticas de Informática (SEPIN) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), com vistas a alterar a estrutura representativa e atribuições do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

Apesar de o processo de revisão ter se iniciado sem que o próprio CGI.br fosse envolvido – contra o que nos posicionamos por meio da Nota de Repúdio dire​itos​nare​de.o​rg.b​r/c/​gove​rno-​teme​r-at​aca-​CGI/​-, no último dia 18 de agosto, durante a primeira reunião do Comitê após o término de seu processo eleitoral, decidiu-se que todas as contribuições recebidas pelo MCTIC serão encaminhadas ao CGI.br.

A partir de então, o próprio Comitê, empregando ferramentas disponíveis para habilitar ampla participação da sociedade, lançará uma consulta pública para basear a elaboração de um documento contendo informações, diretrizes e recomendações para o aperfeiçoamento da estrutura de governança da Internet no Brasil.

A mudança proposta visa minimizar a repercussão negativa gerada pela consulta pública do governo, publicada de forma unilateral e sem qualquer diálogo prévio. É certo que o Estado deve, periodicamente, formular e fomentar estudos e estratégias referentes ao uso e desenvolvimento da internet no País, nos termos do art. 28 do Marco Civil da Internet, entretanto, é importante registrar que especialistas em Governança da Internet do mundo todo, como o pesquisador Milton Mueller, criticaram o fato de o Comitê Gestor estar submetido a riscos de interferências políticas em um processo de reforma institucional que não surgiu de forma endógena ou tenha sido debatido pela comunidade. (ver www.​inte​rnet​gove​rnan​ce.o​rg/2​017/​08/1​7/br​azil​ian-​inte​rnet​-ste​erin​g-co​mmit​tee-​unde​r-th​reat​/).

Assim, a partir da decisão tomada pelo próprio Comitê, que conta com nove representantes do governo, quatro do terceiro setor, quatro das empresas e quatro da academia, a consulta pública instalada pelo MCTIC passará a constituir uma primeira etapa do processo de revisão da estrutura de governança da Internet, cabendo então ao CGI.br a responsabilidade por coordenar a elaboração da recomendação final a ser encaminhada ao governo, para eventual edição de novo decreto.

A Coalizão Direitos na Rede tem feito das disposições expressas na Lei 12.965/14, no sentido de que a governança da Internet deve se dar de acordo com mecanismos multiparticipativos, transparentes, colaborativos e democráticos – conforme o art.24 da referida lei -, com a participação do governo, do setor empresarial, da sociedade civil e da comunidade acadêmica. Sendo assim, reiteramos um dos princípios para governança que defendemos por intermédio de nossa Plataforma para as eleições do CGI.br deste ano:

“Fortalecimento do Comitê Gestor da Internet no Brasil, preservando suas atribuições e seu caráter multissetorial, como garantia da governança multiparticipativa e democrática da Internet, como está estabelecido pelo Marco Civil da Internet. Afirmação do CGI como peça fundamental de um ecossistema regulatório para a Internet, entendida em sentido amplo, inclusive contribuindo para a formulação de modelos de novas autoridades regulatórias, como no caso da proteção de dados.”

Acreditamos que o lançamento unilateral de uma consulta pública, constitui uma ruptura com o multissetorialismo que representa característica histórica dos debates sobre a Internet, potencialmente enfraquecendo o CGI.br. Considerando que a atuação do CGI possui reconhecimento internacional, servindo inclusive de inspiração e de modelo para outros países, a Coalizão Direitos da Rede entende que o mesmo deve ser fortalecido. Assim, defendemos que as contribuições a serem apresentadas para o processo de revisão do CGI.br sejam endereçadas principalmente para plataforma a ser divulgada pelo próprio Comitê, de modo que as mesmas venham servir de referência para a etapa posterior.

Destacamos ainda a importância de que todos os atores interessados na governança da Internet brasileira se mobilizem para participar presencialmente dos debates sobre o tema que acontecerão ao longo do VII Fórum da Internet no Brasil, que ocorrerá na cidade do Rio de Janeiro, de 14 a 17 de novembro deste ano. À ocasião e durante as consultas realizadas pelo CGI.br, a Coalizão Direitos na Rede e as organizações que a integram ativamente encaminharão propostas para a ampliar a participação e transparência do Comitê, prezando pelo avanço e manutenção da gestão democrática da Internet.

COLAB apoia manutenção do Conselho Gestor da Internet do Brasil

Devido às ameaças do governo interino de mudar a composição e atribuições do CGI, o COLAB se posiciona ao lado de outras 34 entidades no apoio ao caráter pluralista e ao modus operandi do CGI.br. O COLAB defende que qualquer alteração deve ser feita de forma pública e participativa com a sociedade.

Brazil-Internet

Veja abaixo o texto da declaração.

“O Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br, uma comissão multissetorial, tem missão crucial no desenvolvimento da Internet no Brasil. Em particular, o CGI.br supervisiona as ações do NIC.br – sociedade civil sem fins lucrativos de direito privado encarregada da realização e administração de todas as atividades decorrentes das políticas definidas pelo Comitê. O Decreto Nº 4.829, de setembro de 2003, descreve como atribuições do CGI.br:

– estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil;

– estabelecer diretrizes para a organização das relações entre o Governo e a sociedade, na execução do registro de Nomes de Domínio, na alocação de Endereço IP (Internet Protocol) e na administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível (ccTLD – country code Top Level Domain), ” .br “, no interesse do desenvolvimento da Internet no País;

– propor programas de pesquisa e desenvolvimento relacionados à Internet, que permitam a manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso, bem como estimular a sua disseminação em todo o território nacional, buscando oportunidades constantes de agregação de valor aos bens e serviços a ela vinculados;

– promover estudos e recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais, para a segurança das redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada utilização pela sociedade;

– articular as ações relativas à proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das atividades inerentes à Internet;

– ser representado nos fóruns técnicos nacionais e internacionais relativos à Internet;

– adotar os procedimentos administrativos e operacionais necessários para que a gestão da Internet no Brasil se dê segundo os padrões internacionais aceitos pelos órgãos de cúpula da Internet, podendo, para tanto, celebrar acordo, convênio, ajuste ou instrumento congênere.

Essas atividades, todas financiadas com os recursos privados decorrentes da distribuição, pelo NIC.br, de nomes de domínio e números IP, são essenciais para a operação e desenvolvimento da Internet no Brasil. Tais atribuições têm sido desenvolvidas em uma lógica multissetorial, com participação de sociedade civil, academia, comunidade técnica, setor privado e governo.

Este caráter pluralista foi base para a carta de princípios que originou o Marco Civil da Internet. Característica que fez também do CGI.br uma referência mundial de governança da Internet, sendo que, desde sua criação em 1995, e até mesmo na elaboração do Decreto de 2003, qualquer mudança no seu modus operandi foi precedida de ampla consulta com a sociedade, incluindo forte participação da academia e da sociedade civil.

Visando proteger a estabilidade, segurança e qualidade dos trabalhos que já foram e seguem sendo realizados e desenvolvidos pelo Comitê Gestor da Internet, as entidades abaixo vêm, por meio desta, afirmar a centralidade do CGI.br para desenvolver atividades absolutamente vitais para a Internet que temos hoje e teremos no futuro no país, destacando a importância de se manter tais atribuições, bem como o caráter pluralista e multissetorial do CGI.br.”

Access Now – Global
Actantes – Brasil
APC – Global
Artigo 19 – Brasil
Barão De Itararé – Brasil
CETYS/Univ. de San Andrés – Argentina
Coding Rights – Brasil
Colab-USP – Brasil
Coletivo Digital – Brasil
Coletivo Puraquê – Brasil
CTS-FGV – Brasil
Eurolinc – França
Fundación Eslared – Venezuela
GPoPAI/USP – Brasil
Ibase – Brasil
Ibidem – Brasil
Instituto Bem Estar Brasil – Brasil
InternetLab – Brasil
Intervozes – Brasil
INTIC4DEV – Togo
ISOC BR – ISOC Brasil
ISOC RD – República Dominicana
ISOC TRV – Índia
ITSRio – Brasil
Just Net Coalition – Global
Lavits – Brasil
Medialab.UFRJ – Brasil
Nupef – Brasil
Observatório da Juventude – América Latina
ProTeste – Brasil
Safernet Brasil – Brasil
Saúde e Alegria – Brasil
SOLTEC/NIDES/UFRJ – Brasil
ULEPICC-BR – Brasil
University Of Zurich – Suiça