Author: Gisele Craveiro

Educação política na escola

Experiências de monitoramento participativo mediadas por tecnologia

Gisele Craveiro, Prof. Dra. do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política (EACH – USP)

Carla Aragão, Doutora em Educação (UFBA)

Lílian Bartira Silva, Doutoranda em Educação (UFBA) 

Educação política deve estar na escola? Essa é uma discussão que costuma gerar melindres na sociedade e mesmo entre os pesquisadores do campo. Entretanto, há alguns consensos que podem apoiar o debate no campo educacional. Um deles é de que a cidadania é fortalecida por processos educativos e participativos que privilegiem a dimensão política e, consequentemente, favorecem uma cultura democrática.

Paulo Freire, um dos expoentes na defesa dessa perspectiva, apresenta a escola como um dos principais lócus da vivência do modelo democrático de Estado, ideia reforçada por Coppi (2021), que vê a escola como principal aliada no enfrentamento dos desafios nas democracias, pois “mimetiza a sociedade na qual está inserida” (p.119).

Considerando o contexto atual de grave crise democrática, nos perguntamos em um texto que produzimos para o Data Blog da iniciativa Data Talks da Universidade de Munster, na Alemanha, sobre como tem ocorrido a superação da “inexperiência democrática” (FREIRE, 1967) no contexto escolar e como essas experiências dialogam com o processo de digitalização da sociedade e, consequentemente, com os impactos do digital no exercício da democracia.

Atualmente, dezenas de pesquisadores dialogam, formulam e pesquisam experiências de Educação Política, com o objetivo de disseminar conteúdos fundamentais para o amadurecimento da democracia e o exercício político dos cidadãos. Em comum, muitos trabalhos enfocam desafios, características e experiências que abordam as relações dos jovens com a política e outros aspectos relevantes para a efetivação desse tipo de conteúdo no cotidiano escolar.

O outro ponto de discussão que propomos no texto são as experiências de auditoria cívica desenvolvidas por órgãos públicos com foco no monitoramento participativo mediado por tecnologias cívicas digitais no contexto escolar. Essa escolha foi feita por pelo menos dois motivos: a necessidade de fortalecer as discussões sobre essas iniciativas, cujas pesquisas ainda são incipientes, especialmente no campo educacional; e a compreensão de seu impacto, considerando o caráter inovador das propostas e compromisso com o revigoramento do regime democrático, a partir da ampliação e qualificação da participação social de alunos e professores da rede pública.

Ficou curiosa(o) para saber mais sobre esse debate? Então, que tal ler o artigo completo ?

JUSTIÇA ABERTA CO:LAB E SUAS REFLEXÕES SOBRE O CONCEITO

Por Ester Gammardella Rizzi

A ideia de uma Justiça Aberta está ligada à ideia de abertura, transparência e participação nos diferentes órgãos públicos do Sistema de Justiça brasileiro (Órgãos do Poder Judiciário, Ministérios Públicos, Defensorias Públicas, Advocacias Públicas). Isso inclui não apenas um acesso aberto e amplo às/aos cidadãs/ãos sobre informações produzidas pelas diferentes instituições, mas também informações que possam permitir às/aos cidadãs/ãos conhecer seus mecanismos de funcionamento, sua gestão e administração, a integridade das autoridades judiciais e ainda possibilitar formas de exercício da cidadania junto ao Sistema de Justiça.

O grupo de pesquisa Co:Lab – Co:laboratório de Desenvolvimento e Participação atua, desde há muito tempo, junto à Parceria para o Governo Aberto (ou OGP na sigla em inglês – Open Government Partnership) e aos compromissos assumidos nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para ampliar a transparência e a participação junto aos órgãos públicos do Estado brasileiro. Foi assim, a partir dos compromissos assumidos por todo o Estado – e não apenas pelo Poder Executivo -, que o grupo de pesquisa se aproximou do tema da Justiça Aberta. Se o Estado deve fazer um esforço para se tornar mais transparente, aberto, participativo, também seu Poder Judiciário e outras instituições do Sistema de Justiça deveriam participar do mesmo esforço. Esse anseio vem articulado pelo conceito de Justiça Aberta.

Soma-se a esse percurso junto à comunidade da OGP (Open Government Partnership), o diagnóstico de que o Poder Judiciário vinha ganhando espaço nas decisões políticas brasileiras. Maior poder, maior responsabilidade, maior necessidade de transparência e participação para permanecer legítimo em nosso desenho institucional.

Desde a Constituição de 1988, as instituições do Sistema de Justiça – Ministério Público, Defensoria Pública e o próprio Poder Judiciário – tiveram suas competências ampliadas. A partir do fortalecimento de instituições que ingressam com ações judiciais, também os juízes e tribunais passaram a receber mais ações de diferentes temáticas e de maior importância política. Muitos autores descrevem esse processo como “judicialização da política” ou, em sentido inverso, “politização do Judiciário”. Quase que um pressuposto desses conceitos, está implícita uma crítica. A observação de que o Judiciário estaria desequilibrado, atuando onde deveria haver ação prioritária de outros poderes. 

Mais recentemente, porém, constatou-se que a maior influência do Judiciário – e das outras instituições do Sistema de Justiça – decorre do próprio desenho institucional estabelecido na Constituição Brasileira de 1988. Seja qual for a corrente de análise sobre o fenômeno da participação das instituições do Sistema de Justiça na política, todos concordam que o papel político do Judiciário foi reforçado a partir de 1988. Recentemente, sua atuação foi fundamental em ações envolvendo políticos de alto escalão, como foram os casos do mensalão e da  operação Lava-Jato. Por outro lado, houve avanços em temas de grande importância e repercussão social, como união civil de pessoas do mesmo sexo, aborto de fetos anencéfalos e cotas raciais para acesso a universidades públicas, apenas para citar três decisões importantes que foram decididas pelo Supremo Tribunal Federal. 

Dado o inegável aumento de atuação política e social dos órgãos do Sistema de Justiça, torna-se imperativa a necessidade de aprimoramento da transparência e do accountability das instituições vinculadas a esse sistema. 

O objetivo do grupo de pesquisa Co:Lab – Co:laboratório de Desenvolvimento e Participação é, de alguma forma, aproximar esses dois grupos de atuação, pesquisas e interesses (OGP e reflexões sobre democratização do Judiciário). Usando como conceito articulador o conceito de JUSTIÇA ABERTA, quer discutir suas quatro dimensões, a partir da literatura e das reflexões já desenvolvidas até aqui:(1) Transparência e acesso à informação (ativa e passiva); (2) Prestação de contas e controle social; (3) Participação social; (4) Papel da inovação aberta e novas tecnologias. O primeiro passo para organizar e trazer o conceito de Justiça Aberta para o debate brasileiro é realizar um levantamento bibliográfico – e identificar redes e articulações políticas que também trabalham com o tema – para poder agregá-los nesta proposta de re-organização conceitual. Aproximar, agregar, somar são os verbos que queremos estimular ao propor a incorporação do conceito de Justiça Aberta nesse debate

Cuidando do Meu Bairro recebe primeiro lugar do Prêmio Febrafite 2016

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Profa. Dra. Gisele Craveiro recebendo o Premio Nacional de Educação Fiscal 2016

O projeto Cuidando do Meu Bairro recebeu mais um reconhecimento importante, dessa vez vindo da comunidade que atua na área de educação fiscal. Ele representou a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e foi  grande vencedor do Prêmio Nacional de Educação Fiscal 2016 promovido pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), em parceria com a Escola de Administração Fazendária (ESAF).

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Cuidando do Meu Bairro é uma plataforma que apresenta os dados dos gastos públicos da São Paulo no mapa da cidade usando um código de cores com seu status (planejado, empenhado e liquidado) em tempo real. Além disso, a nova versão da plataforma está integrada ao E-Sic da Prefeitura de São Paulo, o que possibilita que qualquer dúvida sobre determinado gasto possa gerar um pedido de informação via Lei de Acesso à Informação (LAI). Tanto a pergunta como a resposta tornam-se públicas no site do Cuidando, o que potencializa o controle social do gasto público.

Esse prêmio vem coroar o esforço e dedicação de alunos, pesquisadores, docentes dos cursos de Sistemas de Informação e de Gestão de Políticas Públicas, além de vários voluntários, interessados e apoiadores das áreas acadêmica, terceiro setor e governamental. Além de incentivar a continuidade do projeto, também nos lança a novos desafios e parcerias, como as oficinas e outras ações a serem realizadas em conjunto com Observatório Social do Brasil – São Paulo ao longo de 2017.

Agradecemos os apoios da World Wide Web Foundation e do International Development Research Centre no Programa Open Data in Developing Countries; também da Fundação Avina e a Iniciativa Latinoamericana por los Datos Abiertos, dentro do projeto Open Data for Development; além da cooperação da Open Knowledge Brasil e do Observatório Social do Brasil – São Paulo.

Trabalho do Co:Lab USP é premiado na conferência internacional ICEGOV 2016

De 29 de fevereiro a 3 de março aconteceu em Montevideu a conferência internacional ICEGOV (International Conference on Theory and Practice of Electronic Governance) que busca discutir como o uso da tecnologia para transforma o trabalho do governo e suas relações com os cidadãos, as empresas e outros intervenientes não estatais, a fim de melhorar a governança pública e a sua contribuição para as políticas públicas e desenvolvimento. É coordenada pela United Nations University Operating Unit on Policy-Driven Electronic Governance (UNU-EGOV).

Em sua nona edição teve como tema Governança Transparente e Accountable para a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. Vários discursos e apresentações foram no sentido de discutir o conceito de Sociedade do Conhecimento e como ela poderá alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No discurso de Getachew Engida, representante da UNESCO, colocou que o conhecimento não empodera por si só e é fundamental  o papel da educação, da mídia livre e do respeito aos direitos humanos na promoção de ecosistemas. Também ressaltou que a Sociedade do Conhecimento só será sustentável se houver a diversidade, inclusão e participação, chamando a atenção sobre a desigualdade de gênero entre outros pontos.

Destacamos também que o trabalho “The Use of Open Government Data to Citizen Empowerment – The Case of Caring for My Neighborhood” dos pesquisadores do Co:Lab-USP foi premiado como o melhor poster apresentado na conferência. Nele são apresentadas as reflexões e as cadeias de impacto observadas junto a movimentos sociais, organizações da sociedade civil, mídia e governo dentro do contexto do Projeto “Cuidando do Meu Bairro“. O poster pode ser conferido: CaringformyNeighborhood

Premio de melhor poster do ICEGOV2016

Premio de melhor poster do ICEGOV2016

CoLab contribui com diretrizes para novo Portal de Transparência de São Paulo

Um dos frutos da cooperação entre  a Controladoria Geral do Município de São Paulo (CGM-SP) e o Colaboratório de Desenvolvimento e Participação da USP  (Co:Lab-USP) foi apresentado no dia 4 de março  dentro do Café Hacker [1] sobre a reestruturação do portal de transparência da Cidade de São Paulo.  Um documento elaborado por Marcelo Tavares e Gisele Craveiro apresenta uma proposta de diretrizes para as tecnologias do novo Portal de Transparência de São Paulo.

No estudo foram considerados instrumentos internacionais como o Open Budget Index e o The Web Index, como busca de requisitos que ampliassem a área de convergência entre tecnologia, pró-atividade e compreensão dos dados, respectivamente, transparência eletrônica, ativa e efetiva.
O estudo está em consulta pública [2] no site do Café Hacker da Prefeitura de São Paulo, onde se pode opinar sobre os diversos pontos apresentados. Contribua com críticas e sugestões ao documento de diretrizes disponível
nesse link.

 

Apresentação das diretrizes do Colab-USP

Apresentação das diretrizes do Colab-USP

 

Participação no 12o KM Brasil

Nos dias 17 a 19 de setembro ocorreu o 12. Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento (KM Brasil 2014) na cidade de Florianópolis-SC. O Colab-USP esteve representado pela Profa. Dra. Gisele da Silva Craveiro que apresentou palestras e participou de seus debates da mesas “Inovação – Dados Abertos e o Governo Aberto” e também “Práticas inovadoras em Gestão do Conhecimento na Administração Pública “.

Na primeira mesa teve oportunidade de debater os conceitos de Governo Aberto e Dados Abertos e de discutir a iniciativa internacional Parceria por Governo Aberto (Open Government Partnership), apresentação disponível aqui :

 

Na segunda mesa apresentou alguns detalhes do processo participativo de abertura de dados e alguns resultados obtidos na parceria entre o Colab-USP e a Controladoria Geral do Município de São Paulo, os slides dessa apresentação podem ser obtidos aqui.